Nuvem de fumaça poluída volta a encobrir Boa Vista
02/04/2024
(Foto: Reprodução) Capital atingiu índice de poluição de 317.6 µg/m3 na manhã desta terça-feira (2) e ficou acima do limite da escala que mede a qualidade do ar na região Amazônica. Fumaça dificulta a respiração, além de prejudicar a visibilidade em ruas e avenidas. Sede do governo, no Centro de Boa Vista, encoberta por fumaça.
Ronny Alcântara/Rede Amazônica
Boa Vista amanheceu tomada por novas "nuvens" de fumaça na manhã desta terça-feira (2) e a qualidade do ar na cidade ficou acima do limite considerado péssimo para a saúde da população. O problema é resultado de incêndios florestais que atingem Roraima desde o início deste ano.
Conforme a Plataforma Selva, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que monitora em tempo real queimadas e o índice da qualidade do ar na região Amazônica, a capital atingiu 317.6 µg/m3 às 8h22. A escala, no entanto, vai de 0 a 160 µg/m3, o que indica que a cidade está acima do limite.
Céu fica 'nublado' com fumaça na zona Oeste de Boa Vista
Yara Ramalho/g1 RR
O índice é 20 vezes o nível máximo de 15 microgramas de partículas de poluição (PM 2.5) de ar recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e causa sérios impactos para a saúde, especialmente para os pulmões.
A nuvem cinzenta na cidade iniciou ainda em fevereiro, mês em que o estado quebrou um recorde histórico e se tornou o estado brasileiro com o maior número de focos de calor. Ela se intensificou ainda mais no dia 24 de março, mas se dispersou parcialmente nesse último fim de semana.
Para se ter ideia, no dia 25 de março a cidade ficou com o ar mais poluído do que cidades como São Paulo e Hanói, capital do Vietnã, onde a poluição é, muitas vezes, considerada insalubre e "irrespirável".
SAIBA MAIS:
Fumaça: Ar poluído em Boa Vista supera São Paulo e capital do Vietnã
Entenda: A situação de emergência em Roraima
Terra do fogo: Como Roraima se tornou o estado com maior número de incêndios
Relatos: Casas queimadas, animais mortos e plantações destruídas
Fumaça também foi observada no bairro São Francisco, em Boa Vista.
Rayane Lima/g1 RR
Nesta terça-feira, a fumaça ficou ainda mais densa e dificulta a respiração, além de prejudicar a visibilidade em ruas e avenidas da capital. Ela se espalhou ao menos pelos bairros Alvorada, Santa Tereza, Jardim Floresta, São Francisco, Caranã, Pintolândia, Senador Hélio Campos, Cidade Satélite e o Centro.
A fumaça registrada na cidade é trazida por incêndios florestais que acontecem no próprio estado e em áreas da Guiana, país na fronteira Norte do estado. Segundo dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisa espaciais (INPE), o estado registrou 4.093 focos de calor de 1° de janeiro até essa segunda-feira (1°).
Segundo o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Reinaldo Imbrózio, Boa Vista se encontra entre duas frentes de correntes de ar: Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e os alísios que se deslocam do Nordeste em direção ao Sudeste. A ação é uma flecha que sai do Mar do Caribe e alcança a cidade, que recebe gases tóxicos e material particulado.
👉Contexto: ZCIT é o encontro de ventos na região do Equador. É dos principais sistemas meteorológicos causadores de chuva em parte das regiões Norte e Nordeste do Brasil, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
"Duas grandes frentes estão se encontrando quase que exatamente em cima de Boa Vista, fazendo com que as duas frentes de deslocamento de ar, desloquem, obviamente, fumaça", explicou Reinaldo Imbrózio.
Ele explica ainda que, com o passar dos dias, a massa de poluição deve se dispersar, mas que a população continuará a respirar "lixo atmosférico" que ela mesmo ou o país vizinho produz.
Roraima concentra 28% de todos os focos de incêndio registrados no Brasil. Com uma extensão de 224,3 mil km², o estado já teve 10,7 mil km² consumidos pelo fogo neste ano, sendo que 48% da área está localizada em terras indígenas, segundo os mais recentes dados do Monitor do Fogo, plataforma do MapBiomas, que monitora a extensão territorial afetada por queimadas.
O estado ainda enfrenta uma seca severa, que aumenta as possibilidades de incêndios, e que reduziu a vazão dos principais rios e levou 14 dos 15 municípios a decretarem emergência.
Área de buritizal queimada no Cantá, interior de Roraima
Ronny Alcântara/Rede Amazônica
Orientações de saúde
Para evitar os problemas causados pela exposição à fumaça, a professora do curso de medicina da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e médica alergista e imunologista, Laila Sabino Garro, recomenda que sejam evitadas áreas afetadas por queimadas sempre que possível. Entre as outras recomendações estão:
Fique dentro de casa: Mantenha as portas e janelas fechadas para evitar a entrada de fumaça. Use um sistema de filtragem de ar, se disponível.
Use máscaras respiratórias: Em áreas com muita fumaça, use máscaras N95 ou PFF2 para filtrar as partículas finas presentes na fumaça.
Evite atividades ao ar livre: Evite fazer exercícios físicos ou atividades extenuantes ao ar livre enquanto a fumaça estiver presente.
Use umidificadores: Manter o ar úmido pode ajudar a aliviar a irritação nas vias respiratórias causada pela fumaça.
Siga as orientações das autoridades locais: Fique atento aos alertas e recomendações das autoridades de saúde e ambientais locais sobre como se proteger da fumaça.
Se você estiver com problemas respiratórios ou sentir desconforto devido à exposição à fumaça, procure ajuda médica imediatamente.
Além disso, o Corpo de Bombeiros também orientou a população a adotar medidas de segurança, como: dirigir o carro com ar condicionado no mínimo, para evitar entra de fumaça nos carros, e manter-se bem hidratado, principalmente idosos e crianças.
Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.
📲Acesse o canal do g1 Roraima no WhatsApp
No momento todos os nossos apresentadores estão offline, tente novamente mais tarde ou aos domindo das 7:00 as 10:00 teremos participações ao vivo em audio e vídeo, obrigado!
